Afresco

 

Acordei a sentir e imaginar

que cores tu farias no meu corpo

se um corpo eu tivesse.

Acordei a estrangular em mim

as cores que tu não fazes no meu corpo

já que um corpo tenho.

Não há problema em acordar sem ar, sem ti,

com as mãos nos pés, em busca

de algo que se pareça chão ou céu.

Há tanta coisa e tantos a se pisar

neste mundo de formas tão gastas e graves…

Não lamento que Deus me dê de presente o lamentar

as cores que estás a fazer em outras mulheres.

Não sei se é dor o que sinto ao  pensar

tais tristes e delicadas coisas.

Talvez seja só a velhice do amor.

Ou o nascituro de outra cor.

pés

Leave a comment