A mais palavra da minha vida é
Vulnerabilidade.
( a Lucian Freud)

Vi e vivi o deformar e o destroçar das cores
e das carnes transvestido em refém
e algoz.
Do colorido e nem sempre perfumado
apodrecer do incolor
eu me houve o feroz.
Da essência ao aparente, sempre preferi
o volume morto ou mudo.
Olhei, senti e pintei por saber
da Beleza o dela e meu
difícil veludo.
Fui desta e dela olhar presente a dor,
Indecente, a dor.
Por tal e por menos me alegrei.
O que fui, sou, é o que era :
a Beleza e o serei.
Beleza não o é mais porque a pintei.
Busquei ou entendi com viver,
eis-me morto, como imaginei.
O que é meu me veio através, ao revés,
nunca para eu ter ou ser
mais que perder o devolver.
Eu entreguei a Beleza, a alheia em tudo,
a tudo, a minha,
com menos trama
que urdidura.
Quando a morte me sobreveio,
ela me foi só pintura.
E por pintura eu já morrera
e matara.
A lição do meu morrer é
eu sempre abrir os olhos
antes de os fechar.
Não fui bastante
nunca ou não
Amar.

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